Abrapalma promove evento na COP30 para apontar caminhos para a construção coletiva do futuro da palma de óleo no Brasil

A importância do sistema de rastreabilidade para a cadeia produtiva da palma de óleo, a inclusão de produtores familiares a partir da produção e como ampliar a inserção do setor na transição energética estão entre os principais temas debatidos durante o evento “O Futuro é uma construção coletiva”, promovido pela Abrapalma (Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma) na segunda-feira, dia 10 de novembro.

O encontro foi o primeiro realizado no recém-inaugurado Museu das Amazônias dentro da agenda voltada para a COP30 e é parte da programação desenvolvida pela Abrapalma juntamente com entidades parceiras e empresas associadas para divulgar e promover a palma de óleo no Brasil durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a primeira na Amazônia.

“Nosso evento é mais do que um espaço de debate. É um convite à ação e cooperação entre empresas, produtores, governos e sociedade civil. Por isso, convidamos vocês a construirmos juntos esse futuro. Vamos mostrar que o Brasil pode ser o país que produz, conserva e inspira”, disse o presidente da Abrapalma, Victor Almeida, na abertura do encontro.

Inspiração foi o tom da participação das agricultoras familiares Ginelda Lima e Benedita Almeida do Nascimento, ambas produtoras de palma de óleo em Moju, que contaram como suas vidas mudaram após a entrada na cadeia. “O dendê trouxe mudanças e melhorias para a nossa vida. Faz 23 anos que não precisamos desmatar ou queimar a floresta para sobreviver. Foi com a produção da palma que formei meus filhos”, conta Benedita, que atualmente tem uma área de 359 hectares plantados no município de Moju, no interior do Pará.

Ginelda destacou o trabalho de inclusão de mulheres em cadeias produtivas, gerando renda e fortalecendo a autonomia feminina. Ela é responsável pela Casa de Farinha Quebec, empreendimento comunitário que gera sustento para famílias da região, empregando 50 mulheres. Começou com duas. “Nossa farinha me levou a vários Estados e países. Quando uma pessoa compra nosso produto, não leva apenas farinha, mas a história de 50 mulheres que lutaram para ter respeito e seu lugar na produçao”, afirma.

Outro fator apontado como importante na inclusão de pequenos produtores foi o sistema de rastreabilidade implantado por meio da Guia de Trânsito Vegetal. Segundo a diretora de Defesa e Inspeção Vegetal da Adepará (Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará), Lucionila Pimentel, o rastreio, além de incluir pequenos produtores, permite aumentar a segurança da cadeia, ampliar mercado e direcionar a fiscalização. “Com o sistema, conseguimos fortalecer a política de apoio e inclusão social. Não é uma ferramenta meramente burocrática e um documento sanitário, mas uma forma de inclusão, transparência, eficiência, gestão da propriedade e fortalecimento da cadeia produtiva.”

Crédito – Após apresentar dados do “Estudo da Cadeia da Palma de Óleo no Estado do Pará”, produzido em parceria com a Abrapalma, Leonardo Dutra, coordenador de projetos na Fundação Solidaridad, falou de formas diferenciadas de busca de crédito por outras cadeias que podem servir de exemplo para a palma. “Da mesma forma que a cadeia de cacau se inspira no café, talvez a palma possa refletir formas para buscar recursos diferentes. A palma pode começar a debater e estudar, pensando em capital de giro para agricultores familiares. Com assistência técnica individual, as famílias tendem a se desenvolver”, ressalta Dutra.

Entre outros resultados que tratam da expansão da cadeia da palma, o estudo aponta que é possível dobrar a área plantada, beneficiando quase 25 mil famílias produtoras de pequena e média escala (até 10 hectares).

Transição energética – Na segunda parte do evento, os painelistas trouxeram um raio X da situação brasileira na transição energética e como a palma se insere nesse quadro. O diretor superintendente da Aprobio (Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil), Julio Cesar Minelli, lembrou que o Brasil gera atualmente 88% da energia elétrica por fontes renováveis, e que ainda será necessário migrar a demanda por petróleo e carvão para alternativas de baixo carbono. Nesse cenário, a demanda por biocombustíveis vai crescer nas próximas décadas, gerando oportunidades para a palma.

Para trazer casos concretos de como o setor está avançando, Daniel Nolasco Machado, da Belém Bioenergia Brasil (BBB), e Tulio Dias, da Agropalma, apresentaram estratégias que as empresas estão adotando na lógica da economia circular, transformando resíduos em novas fontes de valor.

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